“O tempo” é dos mais enigmáticos temas da filosofia. Questões como “o que é o tempo”, ou “como relativizar e perceber a passagem do tempo” sempre intrigaram a mente humana, pela subjetividade de suas respostas.
Por que temos a
impressão de que o tempo é curtíssimo em determinadas ocasiões, e em outras
longo demais? Como ter com esta questão uma relação produtiva?
Ocorre que o tempo,
como elemento físico, é o mesmo desde sempre. Muda a nossa percepção com
relação a ele, de acordo com fatores externos. Três horas de prazer (escolha
você o exemplo) são percebidas como tempo brevíssimo. Uma hora de tortura e dor
custa a passar. Muda portanto a nossa percepção
sobre o tempo. Se sabemos que o humano, a todo momento busca o prazer na medida
exata em que evita a dor, conclui-se aqui que a nossa relação com o tempo é de
absoluta empatia: temos com ele a
relação de percepção de acordo com o envolvimento sensitivo que temos com as
nossas ações. Podemos, sabendo disso, trabalhar a questão de maneira produtiva.
O mundo do trabalho
adotou “a administração do tempo” como um tema. O tempo passou a ser tratado
como um capital, que gera ativos se bem explorado. Gerir o tempo passou a ser
tão importante como gerir recursos financeiros, naturais, de relacionamento
etc.
A administração do
tempo, quando transformada em ferramenta de gestão, nos leva a duas práticas
que estão em sua mais profunda essência, quando o objetivo é o aumento da
produtividade: disciplina e renúncia.
Disciplina: fazer o que sabe-se que é necessário
fazer, no tempo correto. Não procrastinar, ou seja, ter o hábito de deixar para
depois. Estabelecer prioridades, tanto nas grandes metas (quero chegar primeiro
ali e ali, e só depois ali) quanto nas tarefas diárias (para chegar ali e ali,
hoje tenho que fazer isso e aquilo. Isso até o horário de almoço e aquilo até
às seis.) E o mais difícil: fazer acontecer o planejado. Disciplina é em suma,
mais do que planejar. É fazer acontecer o planejado.
Renúncia: se não é possível duas ações ao mesmo tempo,
temos de renunciar a uma delas. Ou pelo menos renunciar a prioridade de uma
delas. Tenha discernimento ao renunciar. Procure equilibrar os benefícios de
curto prazo com as grandes metas, ou seja: um olho lá na frente, o outro no
este momento. Há quem renuncie da vida em prol do futuro e se arrependa na
velhice de não ter desfrutado. Há quem desfrute demais o presente e perca a
chance de um futuro próspero, tranquilo e feliz. Devemos ter a sabedoria de
equalizar estas duas vertentes.
O tempo passa depressa
para quem sente prazer. Tenha prazer nas suas tarefas pensando nos benefícios
que elas lhe trarão. Exercite a disciplina, pondere suas renúncias e, nas horas
vagas (encontre-as, construa-as!), não deixe de aproveitar um pouco a vida. Sigamos!
* Palestrante Eduardo Peres – Palestrante, mágico e
humorista, especialista em vendas, liderança e motivação de equipes para
resultados. Foi Campeão Mundial de Mágica em 2000.